terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pais, Filhos, Padrastos e Enteados


Por onde começar?

Eu sou isso tudo.

Pai de dois filhos, filho com 2 irmãos, padrasto de duas crianças e enteado da actual esposa do meu pai.

O "Nuno pai" ama os seus filhos, mesmo quando não os vê durante dias a fio, devido a uma separação que se revelou inevitável, devido a diferentes formas de estar na vida, de todo incompatíveis. A distância é um facto, mas o amor não conhece distâncias, nem paredes, nem barreiras. Tenho pena de não os acompanhar mais de perto, mas tenho-os como pessoas de bem, que irão crescer e ganhar asas.

O "Nuno filho" cresceu desde muito cedo sem mãe, mas com um pai que deu tudo o que tinha e o que não tinha para garantir que o filho seria uma pessoa justa e de carácter, com valores morais consolidados. Fez o melhor que sabia: deu-me raízes, para que nunca me esquecesse de onde vinha... deu-me asas, para seguir a minha própria direcção.

O "Nuno padrasto" é-o devido às vicissitudes da vida, que o levou ao encontro da sua verdadeira metade, que, com um percurso idêntico (casamento-filhos-separação) se apresentava com duas crianças fantásticas, cativantes e inteligentes. Apanhadas num turbilhão de acontecimentos demasiado complexos para que os pudessem interpretar, resultado de uma separação conturbada, nada pacífica e ainda não totalmente resolvida, foram aos poucos encontrando conforto e segurança através de uma visão mais serena e alheia a rancores, como é a minha. Não fui o salvador da Pátria, mas sei que tive um papel importante. E porque é que sei?

Porque também sou o "Nuno enteado", que encontrou na madrasta não uma mãe, mas uma aliada nos momentos difíceis, uma voz exterior a todo um coro de "ai coitadinho que não tem mãe" que teimava em querer deitar-me ao chão.

Recordo-me dos atritos iniciais entre a minha avó (mãe da minha mãe) e a minha madrasta, que levaram a discussões sem nexo sobre quem mandava em quem, quem tinha mais competência... enfim, exageros desnecessários, pois o que as duas queriam era o melhor para mim e para o meu irmão.

Tudo isto me deu um conceito muito diferente de "família", nada normal para a maioria, mas perfeitamente natural para mim, onde o amor de duas pessoas pode ser a base de um verdadeiro lar. O sangue por si só não faz uma família. É a confiança que se deposita nas pessoas que as une.

Cada caso é um caso e o meu é só mais um... mas achei interessante partilhar 4 pontos de vista diferentes de uma só pessoa sobre o mesmo assunto.

6 comentários:

  1. A maior parte das vezes só quem passa por elas é que sabe dar o devido valor e compreensão.

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  2. Tulipa Branca: infelizmente! Pois se mais pessoas dessem o devido valor e compreensão sem ter de saber o que é na primeira pessoa, resolviam-se muitos problemas.

    Obrigada por nos ires visitando e presenteando com os teus comentários.

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  3. Não sou Mãe, não sou madrasta e nunca foi enteada, mas sou filha ("unica")!

    Sou filha de uma Mãe que é madrasta, e "teve" dois enteados!

    Consigo perceber, acho eu, o que é ser enteado, mas sei na primeira pessoa o que é ser irmã de enteado.

    Nem sempre foi fácil perceber numa primeira prespectiva, fazer cedências, ter que partilhar, mas rapidamente, o meu Pai explicava-me o AMOR que sentia por nós e facilmente eu partilhava, eu cedia, para estarmos todos bem!

    Naqueles domingos senti que a familia crescia, e que a minha mãe era mais mãe para eles do que para mim.
    Naqueles domingos tudo era diferente.
    Naqueles domingos, eu tinha irmãos.
    Naqueles domingos eramos todos muito mais felizes!

    A minha mãe assumia uma posição, segundo uma lei qualquer de "madrasta", mas sempre foi uma MÂE!
    Era curioso a forma como eles a tratavam, MADRINHA!
    Achava e continuo a achar que era tão carinhoso, eu sentia que eles eram felizes, mesmo ao lado dela!

    Naqueles domingos faziamos tudo e claro para as crianças nem sempre corria bem, porque haviam regras, e nem o nosso Pai nem a minha Mãe, a Madrinha lá do sitio, descuravam a educação, as boas maneiras, enfim!
    Naqueles domingos a minha Mãe ganhava dois filhos! e ela era Mãe como se eles ali estivessem todos os dias!

    O meu Pai não cabia em si de feliz, os tres filhos contentes, felizes a e minha Mãe ficava igualmente feliz, por ter mais dois filhos e por perceber que estavamos todos muito bem!

    A minha Mãe, naqueles domingos era tanto Mãe deles como minha!

    Digo naqueles domingos, porque infelizmente, um tribunal qualquer nao permitia mais do que um fim de semana de quinze em quinze dias e a outra parte, a mãe deles, não permitia mais doque um simples Domingo!

    Gostava que tivessem havido mais domingos destes! O ultimo domingo foi no dia 8 de Janeiro de 2010 e não foi um domingo feliz!

    Resumindo, naqueles Domingos eramos uma familia! A principal protagonista era sem duvida a minha MÂE que se via "obrigada" a partilhar a sua pequena familia a transforma-la numa famila grande! Sem esforço e pela felicidade de todos ela fazia, claro com AMOR!!!
    Não é preciso "o sangue" para transformar uma familia pequena, numa famila grande e feliz, nem que fossem só naqueles domingos, mas para isso basta AMOR!!!

    P.S. Nunca senti ciumes por eles e a minha mae também nunca sentiu ciumes deles ou por eles!

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  4. Oh amiga, o teu comentário deixou-me com uma lagriminha no olho. Sei bem o papel da tua mãe, pois por vezes também aqui em casa somos uma família maior. Pena é que também um tribunal,a pedido do pai dos mais pequeninos, decidiu que não deveriam estar juntos aos fins-de-semana embora defendesse que o convívio seria salutar (não entendo quando...enfim) Vão estando quando possível, essencialmente nas férias.
    Hoje curiosamente li uma tese de um psicólogo que dizia que, em caso de recasamentos, os filhos de apenas um elemento tomam facilmente os parentes "sociais" como seus familiares efectivos. (entenda-se como parentes "sociais" os familiares do padrasto ou madrasta). Aceitam mais facilmente e acolhem estes parentes "sociais" que, por vezes, o próprio padrasto ou madrasta.
    Felizmente os meus filhotes ganharam toda uma família "social" que muito os estima e quem eles também adoptaram como seus.

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  5. Tal como tu Nuno,... sou enteada ... mãe e madrasta...também passei por momentos dificeis ... relações contrubadas, mas estou hoje aqui forte feliz umas vezes melhor outras pior.... mas acredito que passamos por momentos menos bons para nos tornar mais fortes e enfrentarmos todas as dificuldades que nos vão surgindo. Acredito verdadeiramente que a 'males' que vêm por bem....
    Meu pai sim teve uma separação bastante contrubada, e violenta fisica e emocionalmente... até que um dia tive uma madrasta mas não antes de também eu viver os meus dramas e ter sido mãe ... aos 16 anos... lidando com tudo sózinha... sobrevivi a muitas angustias, desilusões, a pessoas más...etc...
    Actualmente tenho um companheiro exemplar o qual também têm 2 filhos e sei que não é facil... mas vivemos um dia de cada vez, tentando fazer o nosso melhor para um dia podermos olhar para toda a nossa vida e dizer valeu a pena.

    Valeu a pena os momentos menos bons, valeu mais ainda os momentos bons. Ficam as lembranças, ficam as recordações, ficam as cicatrizes, ficam as ligações.... e os sentimentos mais profundos que poderemos ter com todos aqueles que nos relaciona-mos...

    "Esquece-me quenado te esquecer...
    e jamais me esquecerás....
    como recordar é viver...
    recorda-me e viverás..."

    AS

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