quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A obesidade infantil, ser criança e a socialização do individuo


A obesidade infantil é um problema dos tempos modernos.
No meu tempo de escola havia "O Gordo". O Gordo era o miúdo gordo da turma, que normalmente era único.

Hoje, são miúdos como os meus que são a excepção na grande maioria das escolas do nosso país, e eventualmente do mundo ocidental.

Felizmente há excepções, e onde estão essas excepções? Saber onde estas acontecem dá-nos uma ideia mais aproximada da causa deste problema. Na terra onde moro, continua a haver um rácio semelhante ao do meu tempo. Os miúdos que moram na mesma terra que eu não comem fast-food? Comem. Não comem doces? Comem.
A questão está em: quando comem fast-food é à hora do almoço ou do jantar e não ao lanche; quando comem doces não é de tal forma que substitui a refeição principal; também comem pão com manteiga e queijo ou fiambre como nós fazíamos; comem peixe, carne, batatas, massa, arroz...e tudo cozinhado segundo a nossa cozinha tradicional cujas gorduras utilizadas não são saturadas .

Mas o principal factor é o que mais mudou na vida dos miúdos do meu tempo e os de agora, e que estes continuam a fazê-lo como os miúdos sempre fizeram: eles mexem-se. Eles pulam, saltam, jogam à bola, andam de bicicleta, sobem às árvores, andam de patins, jogam ao berlinde e a tantos outros jogos de rua, e tudo isto na vida real e não agarrados a uma playstation ou a assistir numa série qualquer de televisão de um canal temático infantil, que passa incessantemente seres sobre realidades que não são a nossa.

E admirem-se, mas eles também andam à pancada uns com os outros, e na realidade sem comandos. E esfolam-se, arranham-se e caem ficando com terra entranhada na pele das mãos e joelhos que só volta a sair na próxima esfoladela...
Mas isto dá-lhes saúde. Dá-lhes saúde, física, psíquica e ensina-os a lidar com a vida, com os outros.

Por isso, a obesidade infantil é mais que um problema de saúde, é um problema de sociedade civil. Ponham os miúdos literalmente na rua. Ponham-nos na rua a serem miúdos, para crescerem mais saudáveis e e para serem Homens melhores e mais sociáveis,

2 comentários:

  1. Aqui levantar-se-ão as questões de segurança que um meio rural pode oferecer face ao meio urbano, mas fechar os miúdos a 7 chaves realmente não contribui em nada para uma sociedade equilibrada.

    Os miúdos quando convivem em grupo, protegem-se uns aos outros, por isso há que deixá-los conviver e ser... crianças!

    ResponderEliminar
  2. É um facto, a segurança no meio rural e no espaço urbano de província propicia às crianças, que nelas habitam, mais hipóteses de brincarem na rua.

    No entanto, um bairro ou uma urbanização devidamente pensada, mesmo em centros maiores podem proporcionar um pouco deste conforto às populações. É uma questão importante a ter em conta no ordenamento do território e na concepção de espaços urbanos. Mas a tendência actual é mesmo essa e é bem patente em bairros e urbanizações novas até mesmo da capital.

    ResponderEliminar