quarta-feira, 14 de julho de 2010

Memórias

Mesmo não tendo frequentado o ensino pré-escolar, a minha infância foi repleta de pessoas diferentes. Algumas marcaram-me mais que outras, mas todas tiveram influencia no meu crescimento e formação como pessoa.

Desde que nasci que vivi num prédio de 3 pisos onde eu e o meu vizinho, mais velho 6 meses, éramos as únicas crianças.

Hoje lembrei-me da Eta e da São (era assim que eu lhes chamava) duas vizinhas do rés-do-chão. Eram duas senhoras já idosas irmãs, que viviam com a mãe e com o marido de uma delas. Da mãe, D. Sofia, lembro-me mal, apenas de uma senhora de preto de cabelo branco apanhado, sentada num sofá na sala ou numa senhorinha no quarto.

Sem filhos, estas senhoras dedicavam a dois afilhados toda a sua dedicação.

Como única criança menina do prédio recebia delas um carinho muito especial. Desde que me entendo por gente que me lembro de passar tardes inteiras com elas. A jogar crapô, a fazer pequenas coisas de costura com restos de tecido, a varrer a casa por brincadeira encontrando infinitas moedas de 1$00, que elas juntavam de propósito para espalharem pela casa apenas para que eu as pudesse encontrar convencida que era o Mundo que andava distraído e deixava cair por todo o lado (Mundo era o marido da Eta, era também assim que eu o chamava).

O Cherrie e o Bambi eram os gatos que acabaram por morrer de velhos e deram lugar ao Nino, um caniche preto.

Para além dos chás e dos jogos, de crapô e canasta, com estas senhoras adoráveis, também conversava com o Mundo. Um homem inteligente, que gostava de escrever na sua máquina as mais diversas histórias. Quando fiz 7 anos fui prendada com um poema da sua autoria, onde os elogios a mim não eram poupados (modéstia à parte eu era uma criança com um discurso muito desenvolvido).

Esta família, de hábitos requintados teve um papel muito importante na minha formação. A sua influência faz-se sentir ainda hoje de uma forma subtil, mas marcante, nas mais pequenas coisas.

Hoje lembrei-me em especial deles. Estarão sempre comigo nestas pequenas coisas onde deixaram a sua marca positiva. Obrigada Eta, São e Mundo. Nunca vos esquecerei.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pensamentos


Há alturas da vida que não somos felizes e procuramos de todas as formas colmatar o que nos falta para sermos menos infelizes.
São os espaços que habitamos que são pequenos ou não correspondem às nossas necessidades; são as coisas que temos que não são suficientemente bonitas, ou funcionais, em suficiente quantidade....

Depois, e sempre em busca da felicidade ou pelo menos do fim daquele mau estar, mudamos o espaço que habitamos, vamos para um maior, com todo o conforto, com coisas mais bonitas, mais funcionais, em maior quantidade....e constatamos que mudámos tudo isso e continuamos infelizes.

E continua-se em busca do bem estar através do que se compra, do que se pode ter...não vendo que não é o bem estar exterior que não permite a felicidade, esse até está de muito boa saúde. O problema está no bem estar interior que não existe.

Então, de repente, e sem fazermos nada por isso tudo muda. Mesmo ficando sem nenhum do conforto material entretanto adquirido na busca da felicidade, é-se feliz. Voltando a habitar o espaço que anteriormente parecia sufocante e pequeno, sentimo-nos grandes e livres.

Todas as tentativas de melhorar incidiam sobre o não essencial, e nunca sobre o cerne da questão, sobre o que impedia verdadeiramente a felicidade.

Hoje a felicidade consegue-se com tão pouco porque, simplesmente, se tem tudo. E este tudo, és tu Nuno.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Primeiro dia do resto da minha vida


Hoje enquanto esperava o Nuno para tomar café, como é habitual, contemplava a azafama do dia-a-dia de quem passava.

Os carros, as pessoas...cada um com seus afazeres, com suas preocupações, com seus horários, com suas vidas.


As coisas acontecem, os problemas surgem, a situações resolvem-se, as mudanças acontecem (mais ou menos radicais) e tudo continua, nada pára.

As pessoas, mudam de casa, de emprego, de vida, de amores, e tudo continua a girar.

É isto que faz a vida ser interessante, é este movimento de pessoas e de relações interpessoais, é um girar que não tem fim...

Hoje olhei para a vida e gostei do que vi, hoje olhei para o meu futuro e vi um livro cheio de folhas brancas, limpas, onde poderei escrever a história.