terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não há uma sem duas

Eu e o meu companheiro de vida, temos muita coisa em comum. Mesmo no percurso de vida, os períodos de viragem para um aconteceram ao mesmo tempo que aconteceram ao outro, mesmo que de naturezas diferentes. Resumindo, se fizéssemos um gráfico dos picos e baixos da nossa vida, quase que coincidiriam.

Ora bem, isso não se alterou hoje em dia. Senão vejamos, até nos conhecemos ao mesmo tempo e encontrámos o amor da nossa vida em simultâneo ;)

Agora a sério: ainda hoje quando o ex de um chateia o do outro chateia; quando temos preocupações com os filhos, acontece dos dois lados....e é assim em tantas outras coisas.

A novidade é que agora também os pais entraram na brincadeira. Ontem foram os meus, hoje os dele...
Não há volta a dar, somos um!

Pais e filhos (e vizinhos)


Sou mãe, e como mãe sei que por vezes é difícil olhar para os filhos como indivíduos com vida, personalidade e vontade própria. Não se interioriza imediatamente a autonomia que vão ganhando e o aumento de necessidade de privacidade proporcionalmente directo ao crescimento/envelhecimento.

Aos poucos, são eles próprios que me chamam à realidade e a ver que já não são bebés e que há coisas que começam a querer fazer sozinhos, e mesmo a ser importante que o façam por uma questão de traquejo para a vida que é preciso adquirir e aprender.

Sei que vou ter recaídas e que, ao longo dos anos, vou ter situações que vou pisar o risco do espaço deles. Espero que sejam poucas as vezes, e espero ter discernimento para me aperceber disso e entender quando eles próprios me chamarem a atenção.

Eles sabem que os amo incondicionalmente, e que estarei lá sempre para eles para quando precisarem. Estarei sempre sem contrapartidas, apenas porque sim, porque são meus filhos.

Tenho 33 anos, e neste momento da minha vida tem-me sido muito importante o apoio logístico dos meus pais, por todas as contingências inerentes ao meu divórcio. Mas não deixo de ter mais de 30 anos, de ser adulta e de ter necessidade de privacidade. Não o farão por mal, mas se com vizinhos que não são família há necessidade de marcar distancias, quando estes são os pais há que se sentir da mesma forma que temos vidas separadas.

Isto agrava-se quando o chamar a sua atenção para estas questões não é visto como uma marcação de privacidade de uma pessoa adulta mas sim um acto de rebeldia de uma filha adolescente.

Não os amo menos por isso, são meus pais e fazem parte de mim. Posso até ser mal interpretada, mas tenho necessidade que os nossos convívios sejam combinados como com os restantes familiares: "olha, vamos jantar hoje juntos?" ou "vamos dar um passeio" ou "venham cá a casa hoje lanchar...", mas "estar" constante no dia-a-dia.... Há que ter o espírito de vizinhança, com dois núcleos familiares distintos, e não a sensação de que moramos todos juntos que, convenhamos, aos 30 anos é absolutamente incomportável.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Há 25 anos os meus pais casaram-se


Ontem os meus pais fizeram anos de casados. Uma das três datas que celebram.
Há 25 anos casavam pela Igreja e a minha mãe realizava o sonho que sempre teve.

Eu tinha 8 anos. Tenho poucas memórias concretas desse verão, apenas de ser um período diferente. Sempre me senti em primeiro plano para a minha mãe, mesmo quando passava temporadas de férias em casa da minha tia, mas neste verão foi diferente. Houve alturas em que senti que havia o que preocupasse mais a minha mãe e lhe ocupasse o pensamento. Não é que fosse assim na realidade, em tempo algum a minha mãe me negligenciou ou me passou para segundo plano, mas para mim que estava habituada a um "estar" sempre igual, naquele mês de Agosto houve ali alterações às rotinas que eu não estava habituada.

Sem saber muito bem o que se estava a passar, fui assistindo a todo o desenrolar de acontecimentos até ao culminar de todos os preparativos, o dia do casamento. Estava nervosa, muito nervosa. Afinal eu era a menina das alianças, quem abria o cortejo de entrada da noiva na igreja. Eu ia à frente com um vestido novo que a minha mãe me comprara e um cesto com as alianças dos meus pais, que iam finalmente ser benzidas.

A minha mãe era a noiva, e isso era um sentimento engraçado que nem eu entendia muito bem. Pela primeira vez, foi neste dia que eu solicitei a sua ajuda e ela estando presente não me pôde ajudar e teve de delegar essa tarefa numa prima minha mais velha. Fiquei feliz por assistir ao casamento dos meus pais, coisa que não aconteceu a nenhuma amiga minha. No entanto, foi uma altura de viragem, acho que pela primeira vez tive a consciência de que a minha mãe era mais que isso, não era só a minha mãe mas também uma mulher, uma pessoa com identidade própria com objectivos próprios que não só eu. E com isto, mesmo estranhando, foi a minha primeira "emancipação" como individuo, e um crescimento na minha admiração por ela.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Passeios e civismo.

Na terra onde trabalho, típica cidade de província, o civismo e as regras de transitar e ocupar a via pública, quer a pé ou de outra forma qualquer, são quase inexistentes.

Senão vejamos, hoje o Nuno ia sendo atropelado numa passadeira. Até aqui, estaria já mal esse risco numa passadeira, mas não era (infelizmente) nada de novo. A novidade está em que o "quase atropelamento" foi por uma bicicleta e que circulava como os peões, ou seja, a atravessar a estrada pela passadeira.

Os que conhecem a localidade referida já estarão habituados a tal comportamento, dada a frequência com que avistamos por aqui o belo e feliz ciclista pelo passeio fora e a atravessar a estrada nas passadeiras.


Para além de acharem que, quando se lembram de circular na rodovia, não têm de cumprir sentidos proibidos, agora andam nos passeios como meros peões.

Também é certo que nesta cidade os passeios foram feitos para os visitantes, porque os naturais/habitantes preferem andar junto ao lancil mas do lado da estrada. Todos sabemos que a calçada é perigosa e podemos escorregar. Logo, como a utilização dos passeios e passadeiras é reduzida (quase usados exclusivamente pelos visitantes e alguns habitantes mais cívicos), nada melhor que andar por lá de bicicleta ou estacionar os carros.

Quer-me parecer que se não fosse para as bicicletas e para estacionamento de veículos automóveis, a autarquia poderia poupar uns trocos deixando de construir infraestruturas como passeios.

Ah, bolas, estava a esquecer-me de outra utilidade dos passeios, mas em ruas estreitas: zona de estadia para estar a conversar e obrigar os transeuntes, que até andam nos passeios (a tal minoria), a irem também para a estrada para conseguirem continuar a transitar. (como é que me ia falhando esta?!?!?!?!?)

As Vidas Dos Outros - Anaquim

Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
Há sempre um conselho a dar p'rás vidas dos outros
Nada é eterno e se aguentarmos todo o mal tem fim
É fácil ter calma quando a alma não me dói a mim
Eu sou tão bom a tornar todo o mal inerte
Se é aos outros que lhes custa que o passado aperte
Mas quando a inquietude vem toda para o meu lado
Deita-se, desnuda e não desgruda até me ter vergado

É tão simples quando estou de fora
A ver passar as nuvens pelo ar
Aplaudir, rever-me e concluir
Que eu também já lá estive e...
Já soube ultrapassar
Só a mim é que ninguém me entende
E a minha dor não tem como acabar
Ai quão melhor era acordar um dia
E ter as vidas dos outros todas em meu lugar

As vidas dos outros nunca me soam mal
Veêm problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim

Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
Sempre me sei comportar nas vidas dos outros
Volta, revolta, o melhor está para vir
Solta tudo agora, não demora, tornas a sorrir
Eu são tou bom a apagar qualquer mau momento
Se é aos outros que lhes bate à porta o sofrimento
Mexe, remexe, alguma coisa hás-de encontrar
A solução é procurar

Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a cantar
Eu sou tão bom a contar as vidas dos outros
Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a curar
Tudo menos o meu próprio mal

As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

quando se fecha uma porta.....

Hoje faz um ano que, depois de um dia de trabalho, cheguei a casa e, ao tentar abrir a porta, deparei-me com o facto das fechaduras de todas as portas estarem mudadas. O meu ex-marido, numa acto tresloucado tinha usurpado o direito à casa comum apenas para ele, ficando lá dentro todos os meus bens pessoais: roupa, calçado, artefactos, produtos de higiene, medicamentos (sou asmática e faço terapêutica diária), brinquedos e livros meus de criança, bens dos meus pais ...
Eu tinha todo o direito de arrombar a porta e fazer o mesmo, uma vez que se tratava da minha casa.

Como tudo o que fiz desde o dia 18 de Agosto de 2000, dia em que soube que estava grávida pela primeira vez, primeiro pensei nos meus filhos e nas repercussões que teria para eles assistirem a tamanha guerra na própria casa (à data, mesmo separados ainda todos habitávamos a mesma morada).
Achei que todo o direito que eu tinha em entrar em casa não justificava tal sofrimento, e por isso optei por pedir aos meus pais para ocupar o primeiro andar da casa deles, onde eu já tinha vivido até construção da nova.
Passei a viver de favor numa casa que não é minha, tendo todos os meses a obrigação financeira de pagar uma casa onde não entro e onde vejo aprisionados os meus bens pessoais.

A vida às vezes é ingrata, mas quando se fecha uma porta abre-se sempre uma janela e normalmente muito mais soalheira. Muito ainda está por resolver, passado um ano. Continuo a ter de pagar uma casa que é usada pelo meu ex-marido inviabilizando-me financeiramente de arrendar ou adquirir outra casa, continuando a viver de favor. Felizmente a casa onde habito é dos meus pais, e tenho recebido todo o apoio da parte destes. Além disso, o mais importante para mim está resolvido: a guarda dos meus filhotes. As casas são paredes de cimento e tijolo, que se constroem em qualquer altura. O valor dos meus filhos é imensurável. No meio de tudo isto, hoje vivo feliz, mesmo com todas as contrariedades. Ao contrário de quando tinha tudo ao meu dispor e faltava-me o mais importante na vida: o AMOR