
A obesidade infantil é um problema dos tempos modernos.
No meu tempo de escola havia "O Gordo". O Gordo era o miúdo gordo da turma, que normalmente era único.
Hoje, são miúdos como os meus que são a excepção na grande maioria das escolas do nosso país, e eventualmente do mundo ocidental.
Felizmente há excepções, e onde estão essas excepções? Saber onde estas acontecem dá-nos uma ideia mais aproximada da causa deste problema. Na terra onde moro, continua a haver um rácio semelhante ao do meu tempo. Os miúdos que moram na mesma terra que eu não comem fast-food? Comem. Não comem doces? Comem.
A questão está em: quando comem fast-food é à hora do almoço ou do jantar e não ao lanche; quando comem doces não é de tal forma que substitui a refeição principal; também comem pão com manteiga e queijo ou fiambre como nós fazíamos; comem peixe, carne, batatas, massa, arroz...e tudo cozinhado segundo a nossa cozinha tradicional cujas gorduras utilizadas não são saturadas .
Mas o principal factor é o que mais mudou na vida dos miúdos do meu tempo e os de agora, e que estes continuam a fazê-lo como os miúdos sempre fizeram: eles mexem-se. Eles pulam, saltam, jogam à bola, andam de bicicleta, sobem às árvores, andam de patins, jogam ao berlinde e a tantos outros jogos de rua, e tudo isto na vida real e não agarrados a uma playstation ou a assistir numa série qualquer de televisão de um canal temático infantil, que passa incessantemente seres sobre realidades que não são a nossa.
E admirem-se, mas eles também andam à pancada uns com os outros, e na realidade sem comandos. E esfolam-se, arranham-se e caem ficando com terra entranhada na pele das mãos e joelhos que só volta a sair na próxima esfoladela...
Mas isto dá-lhes saúde. Dá-lhes saúde, física, psíquica e ensina-os a lidar com a vida, com os outros.
Por isso, a obesidade infantil é mais que um problema de saúde, é um problema de sociedade civil. Ponham os miúdos literalmente na rua. Ponham-nos na rua a serem miúdos, para crescerem mais saudáveis e e para serem Homens melhores e mais sociáveis,